Imaginário e sagrado em A História sem Fim, de Michael Ende
desdobramentos e potencialidades para o ensino
Keywords:
Fenomenologia das religiões, A História sem Fim, Sagrado, Imaginário, Pedagogia WaldorfAbstract
O que pode ocorrer quando diminui a capacidade de fabular e fantasiar; quais efeitos acometem sociedades dominadas pelo niilismo: essas duas perguntas, aparentemente teóricas mas urgentes na experiência cultural contemporânea, dão partida ao estudo de A História sem Fim (1979), do alemão Michael Ende, que perfazemos nesta apresentação. O romance endiano ficcionaliza um universo no qual o Nada se realiza – isto é, o Nada se torna realidade e toma partes do Reino de Fantasia, mantido em existência pela Imperatriz Criança. Mostramos que o Nada e a Fantasia na História de Ende, lidos à luz da fenomenologia das religiões do romeno Mircea Eliade, configuram, respectivamente, alegoria para o profano e metáfora para o sagrado. Apontamos que o universo ficcional da obra possibilita, pela realização do Nada, uma especulação sobre os efeitos do niilismo nas civilizações contemporâneas; ainda, pela desrealização de Fantasia, um exame dos efeitos da depreciação da imaginação, enquanto faculdade a ser ativamente potencializada na educação e no ensino. Encerramos, então, com duas sugestões conexas: que a leitura ficcional de obras fantásticas, como a de Michael Ende, integre currículos pedagógicos dos anos finais do ensino fundamental na pedagogia Waldorf; e que uma abordagem fenomenológica das religiões, como a elaborada por Mircea Eliade, integre programas teórico-metodológicos de formação de professores, como aporte multidisciplinar integrativo e irradiador de unidade e complexidade na educação.