Caminhos para o cultivo da alma brasileira e da ancestralidade afro-indígena na educação infantil Waldorf do Brasil
uma pesquisa escrevivida
Keywords:
Educação Infantil Waldorf, Ancestralidade afro-indígena, Autenticidade pedagógica, Escrevivência, BrasilidadeAbstract
A 5ª época cultural e o centenário da pedagogia Waldorf traz aos professores/as o desafio de construir práticas pedagógicas autênticas e conscientes, ancoradas nos saberes e valores do seu próprio povo. O trabalho tem caráter metodológico de escrevivência (escrita biográfica feita por mulheres negras), no qual discorro sobre minha pesquisa de alma em busca da nossa brasilidade e das minhas raízes ancestrais afro-indígenas e o transbordamento espiritual desse reencontro para meu devir de jardineira Waldorf. Inicio esta pesquisa retornando à minha própria infância e a da minha família na pequena comunidade de Manhumirim/MG e depois sigo pesquisando Brasil e as contribuições culturais africanas e indígenas para quem somos enquanto povo. Encontrei muitos tesouros que podem ser ofertados às crianças do primeiro setênio, tais como brincadeiras, cantigas, acalantos, causos, contos, instrumentos, costumes e valores civilizatórios, como pedir licença ao entrar na mata, a benção aos mais velhos/as, pedir o axé de fala, comer sentado em roda, ouvir histórias e causos durante as refeições, brincar junto com as crianças, reconhecer e honrar os espíritos da natureza, a ética do coração e da comunidade, etc. Muitos dos costumes do nosso povo estão ancorados no complexo e profundo modo de perceber o mundo dos/as nossos/as ancestrais africanos/as e indígenas. Por isso, busquei tatear um pouco das cosmologias bantu-kongo e guarani e seus caminhos de humanização do ser humano e do social, que muito dialogam com a arte de educar steinereana. Desse encontro de saberes antroposóficos, africanos e indígenas venho construindo minha autenticidade pedagógica.