A fragilização do eu no capitalismo global

como a pedagogia Waldorf pode ajudar?

Resumo

O trabalho consiste em uma ampliação do olhar sociológico pela Antroposofia e investiga como a condição autônoma dos indivíduos na sociedade capitalista global reduz as emoções à forma de mercadorias e bens de consumo, provocando uma intensa fragilização do Eu. A condição de vida autônoma teria nos colocado em uma nova Erlebnis (BENJAMIN, 1994), estimulando-nos a buscar, fora de nós mesmos, pontos de referência, promessas de felicidade e fórmulas de sucesso. Nesta nova Erlebnis, o controle é realizado pelos produtos ofertados no “mercado emotivo” (ILLOUZ, 2011), os quais elaboram significados e estilos de vida: de forma disciplinar, o mercado emotivo estrutura um repertório cultural compartilhado que compatibiliza as emoções com as necessidades da cultura dominante, muitas vezes a partir do estímulo contínuo de sentimentos vulnerabilizantes - ansiedade, frustração e medo do fracasso. Portanto, estes produtos agem como “potências formativas” (ADORNO; HORKHEIMER, 1985), realizando a colonização das subjetividades, definindo o indivíduo, sua identidade, seus valores e processos sociais que promovem a estabilidade e a reprodução das instituições e estruturas sociais dominantes. Desta forma, os objetivos deste trabalho são apresentar como as emoções foram transformadas em produtos de troca e consumo, originando e estabelecendo para si um mercado próprio; e como a compreensão antroposófica do desenvolvimento anímico relacionado às leis biográficas e à prática pedagógica Waldorf dialogam com o fortalecimento do Eu. Metodologicamente, realizou-se revisão bibliográfica orientada pelos campos da Sociologia das Emoções, Teoria Crítica, Antroposofia e sua prática pedagógica. Como resultado, esta pesquisa identifica a potência da Pedagogia Waldorf no desenvolvimento anímico do ser humano, possibilitando, de forma consciente, o fortalecimento do Eu e, consequentemente, de suas competências para a atuação no mundo.