A construção de um espaço para a educação da vontade

Resumo

A dimensão volitiva oferece desafios à educação contemporânea. Em variadas perspectivas, pensamento e prática pedagógica encontram dificuldades para lidar com o querer e sua relação com o amadurecimento da autonomia e da responsabilidade. O objetivo deste trabalho é propor a concepção de um espaço pedagógico de educação da vontade, como base para o desenvolvimento da autonomia, complementar à escola e à família. Para a formulação desta proposta, buscou-se tecer um diálogo entre as contribuições de Rudolf Steiner, Paulo Freire e Aaron Antonovsky. À luz de suas obras, considerando percepções acumuladas no decorrer de quinze anos de trabalho no âmbito da educação não formal e firmando algumas posições acerca da importância da educação volitiva, o presente estudo traz contribuições da Antroposofia e da pedagogia Waldorf; enfoca as proposições do estudo da salutogênese voltadas ao cultivo da saúde e da qualidade de vida, estabelecendo uma relação com o pensamento antroposófico; estabelece uma relação entre o pensamento antroposófico e a pedagogia da autonomia e da liberdade de Paulo Freire e, por fim, apresenta uma proposta para contribuir com o debate sobre a Educação e seus desafios atuais: a casa. A casa tem por objetivo ser o lugar onde educadores poderão responder aos desafios contemporâneos da educação por meio de uma atuação pedagógica pautada pelas diretrizes da salutogênese e fundada na pedagogia Waldorf, entretecidos nesse espaço de fazeres da vida. Fazeres de cuidado que encantam o espaço e que integrarão a vida e os hábitos desses jovens, que carregarão para a vida adulta as memórias das experiências vividas nesse lugar, não apenas na lembrança, mas no corpo. As práticas da casa encontrarão ressonância nos hábitos desenvolvidos pelo corpo, morada primeira da individualidade, e serão impressas no decorrer da vida adulta, quando os indivíduos puderem, por sua autonomia, alcançar um novo patamar de liberdade.